Leia, pense, divulgue e tenha ATITUDE!

Oficialmente

Um amigo, a quem considero o maior e mais sério conhecedor do problema do aborto no Brasil, me abre os olhos para esta seqüência de informações, cuja lógica implacável acaba diluída no fluxo diário de notícias:

1. Em dezembro de 2004, Lula colocou oficialmente a legalização do aborto entre as prioridades do seu governo.

2. Em abril de 2005, comprometeu-se com a ONU, oficialmente, a legalizar o aborto no país.

3. Em agosto, escreveu uma carta à CNBB negando oficialmente qualquer intenção de realizar as promessas 1 e 2.

4. Em setembro, começou a realizar ambas, enviando à Câmara um projeto de lei que descriminalizava oficialmente o aborto.

5. Em dezembro, incluiu oficialmente a legalização do aborto entre as diretrizes do seu programa de governo para o segundo mandato.

Como a população brasileira é maciçamente contra o aborto, toda menção ao assunto, que por si só bastaria para arruinar a candidatura do engraçadinho, é meticulosamente evitada na sua campanha eleitoral. A grande mídia, obsequiosa e, aliás, comprometida por mil e um acordos com ONGs bilionárias e organismos internacionais abortistas, não faz ao candidato nenhuma pergunta a respeito.

É, portanto, oficial:

1. Lula não tem o menor respeito pela sua própria palavra e pela sua própria assinatura, que ele põe oficialmente em qualquer papel que lhe interesse no momento, sem qualquer intenção de honrá-la. O critério do cronista José Simão para distinguir entre Lula candidato e Lula presidente continua portanto válido e infalível: “Quando ele promete merda, é candidato; quando faz merda, é presidente". O caso do abortismo sugere apenas que nem sempre a matéria excrementícia prometida é aquela que vem a ser realizada: Lula não é confiável nem mesmo na sua produção fecal.

2. Lula não tem o menor respeito pela religião que diz professar. Mas não me espanta que seja cínico ao ponto de tentar enganar a Igreja, uma vez que se acha esperto o bastante para enganar o próprio Deus, como o fez ao alegar que podia comungar sem confessar por ser “homem sem pecados”. veja: http://www.olavodecarvalho.org/semana/050416globo.htm.

3. Lula não tem o menor respeito pelo eleitorado, ao qual ele sonega informação essencial sobre seus planos de governo.

4. Da minha parte, não tenho o menor respeito por Lula, que os fatos aqui relatados provam ser um farsante maquiavélico e perigoso. Qualquer palavrinha que eu tenha escrito em favor dele, mesmo décadas atrás e antes que eu soubesse da existência do Foro de São Paulo, deve ser-me perdoada como expressão da minha profunda estupidez e substituída por um palavrão equivalente e contrário.

5. Muito menos tenho algum respeito pela grande mídia brasileira, que, com exceções, se tornou uma vasta societas sceleris empenhada em ocultar, por dinheiro ou por ambição de poder, tudo o que possa obstar a realização dos planos criminosos do Foro de São Paulo.

Peço a todos os leitores deste artigo que dêem a máxima divulgação, por todos os meios ao seu alcance, aos fatos que ele revela. Nossa única esperança de que as eleições deste ano não sejam uma farsa petista como as de 2002 é criar de improviso uma rede alternativa de informações que se sobreponha ao poder do crime organizado em que se transformou o jornalismo nacional.

Olavo de Carvalho é jornalista
Fonte: Diário do Comércio

A salvação pelo caos

A mídia, que nos intervalos de suas funções de difusora das novas modas lúdicas, eróticas e ideológicas acumula o encargo de suprema autoridade nacional em matéria de direito canônico e moral religiosa, foi quase unânime em passar pito em D. Eusébio Scheid por ter chamado o sr. Lula de caótico em vez de católico.

É muito saudável que sujeitos verazes, confiáveis e espiritualmente bem formados como os ocultadores profissionais do Foro de São Paulo chamem à ordem o culpado de tão descabida irreverência para com um governante que, segundo a sapiência inconteste de D. Mauro Morelli, citado aqui dias atrás, é igual ou melhor que Jesus Cristo. É com iniciativas como essa que a classe jornalística contribui para a restauração do senso hierárquico dos valores morais na sociedade waldomírica.

De fato, nem D. Eusébio, nem este colunista, nem o povo inteiro têm o direito de perguntar se o sr. Presidente sofre de alguma desordem espiritual. É obrigação de todos deixar-se levar para onde ele os conduza, sem cogitar se ele por sua vez é guiado pela ordem divina ou pelo caos demoníaco. Quem é um simples arcebispo para opinar em tão altos segredos de Estado? Que presunção! Que despreparo! Que falta de humildade! Se não tivéssemos santos jornalistas para nos defender da tentação, até nós, simples eleitores e fiéis, ousaríamos questionar a infalibilidade da bússola teológica presidencial.

Infelizmente, o próprio sr. presidente se encarregou de frustrar o nobre intento de seus defensores, fazendo duas declarações que sugerem a realidade do estado de decomposição mental diagnosticado nele por D. Eusébio.

A primeira foi a resposta que ele deu ao arcebispo: “Não preciso mostrar minha fé em público. Todo mundo sabe que eu sou católico.” A declaração é tão absurda que paralisa a inteligência da platéia, tornando-a insensível à enormidade do que acaba de ouvir. Quem, macacos me mordam, testemunha a fé genuína do sr. Presidente: a sua consciência solitária de fiel incompreendido ou “todo mundo”? Como pode a ligação íntima de um homem com Deus prescindir altivamente do testemunho do público, se é a esse mesmo testemunho que ela faz apelo para provar que existe? Como pode uma consciência religiosa estar tão alienada de si ao ponto de apoiar-se na opinião alheia que ao mesmo tempo ela afirma desprezar em nome da independência interior?

A prova suplementar do estado de desgoverno espiritual em que se encontra o atual presidente veio logo em seguida, quando, após comungar, ele declarou estar dispensado da confissão prévia por julgar-se “homem sem pecado”. Isso não foi um erro de gramática, uma gafe, uma distração. Foi a expressão franca da convicção bruta, simples e direta que um indivíduo tem sobre si mesmo. Ele não precisa de perdão: inocente como o próprio Cristo, entra no recinto sagrado de cabeça erguida, pronto para receber o Senhor – como direi? – de igual para igual.

Dizer que esse homem é caótico é excesso de indulgência. O mero caos interior não leva ninguém a esse paroxismo de auto-adoração blasfema. Teologicamente, a pretensão de ser puro ao ponto de prescindir de absolvição denota o orgulho satânico mais típico e inconfundível, e sua expressão em voz alta configura nitidamente o pecado contra o Espírito Santo, que de acordo com a doutrina católica não é perdoável neste mundo nem no outro. Se S. Excia. jamais houvesse pecado até esse dia, se estivesse livre da herança de Adão e se não tivesse mesmo acabado de pecar ao profanar o rito da Santa Ceia, teria nesse instante conquistado o prêmio da danação eterna por meio dessa mesma declaração, exceto na hipótese de que estivesse comprovadamente fora de si, portanto imerso em pleno caos, no momento em que a emitiu.

A situação espiritual do sr. presidente, da qual ele não parece ter a menor consciência, não é pois nada invejável, nem vejo como poderia ser de outra forma em se tratando de um discípulo do sr. Frei Betto. Aqueles que gostam dele deveriam, pois, parar de defendê-lo contra a acusação de caótico, pois é nela que repousa sua única esperança de salvação.

Olavo de Carvalho é jornalista

Fonte: O Globo, 16 de abril de 2005

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