"É experiência !!! É experiência !!! O grande lance é experimentar. Não adianta só ficar com teorias e não adianta também forçar quem não quer. Precisa ser um convite..." (Diego Fernandes)


Essa frase é um trecho de uma conversa que tive com alguns amigos da faculdade. Falamos sobre Deus e o quanto Ele nos quer livres. Precisamos mostrar o quanto é libertadora a fé. Eu vivo me perguntando se estou mostrando um Deus vivo que liberta, ou um falso deus que aprisiona e é uma coisa tão enfadonha e amedrontadora que as pessoas querem ficar o mais longe possível. Trato Deus como uma coisa? Um objeto a ser estudado ou uma pessoa a ser beijada, amada, acariciada, tocada? Preciso realmente forçar a barra falando 24h sobre Igreja e religião? Ou posso perceber que todo ser humano traz em seu coração um desejo de Deus? A cada momento que vivo tenho buscado valorizar a história do outro e o quanto ele pode me ajudar. Somos aprendizes. Meus amigos têm me ensinado a viver com mais alegria minha fé. Obrigado!

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Beijar na boca é bom demais! Agora imagine que um Santo da Igreja Católica falou sobre o beijo na boca e o comparou com nosso relacionamento com Deus. Bem, na verdade, você que acompanha o blog percebeu que estamos falando sobre beijos há algum tempo. E estamos nos aproximando da última conferência do retiro "São Bernardo e os 3 beijos" que foi ministrado por um monge a pedido da nossa Sociedade dos Amigos Fraternos de Thomas Merton.

Eis a penúltima: IV. O BEIJO DA BOCA

S. Bernardo é com freqüência chamado de “o úl­timo dos Padres”. Isto significa que ele viveu e escre­veu durante uma mudança paradigmática; neste caso, de uma visão do mundo patrística / monástica para uma escolástica. A abordagem escolástica o deixava nervoso por diversas razões, uma delas sendo uma certa tendência, na escolástica, de separar conheci­mento e amor. O próprio S. Tomás, embora não ca­indo neste erro, é com razão chamado de “intelectualista”, pelo fato de que, para ele, a Visão Beatífica era um ato do intelecto (é o intelecto que vê: visio). Para Bernardo, vindo de uma tradição mais an­tiga, era crucial manter que a experiência contempla­tiva é um ato tanto da vontade quanto do intelecto. Não é somente compreender, mas compreender e amar. Por esta razão, ele encoraja o contemplativo a receber o beijo do Espírito com ambos os lábios – o lábio da inteligência e o lábio da sabedoria, o lábio que pega e vê e o lábio que degusta. Eu ousaria dizer que Bernardo tende a inclinar-se na outra direção e a reafirmar a posição de Gregório Magno e freqüente­mente citada no século XII: “Amor ipse notitia est”, “O amor é em si mesmo conhecimento”.

Devemos lembrar-nos de que cada um dos beijos tem seus perigos, e de que o perigo geralmente brota de uma incapacidade de manter-se o equilíbrio (ape­gar-se aos dois pés, por exemplo). Aqui também existe um duplo perigo espiritual, que deriva exata­mente de não manterem-se unidos os aspectos inte­lectual e voluntário da experiência contemplativa. Ali onde a contemplação é buscada meramente como um conhecimento do mais alto objeto imaginável pelo nosso intelecto, cai-se na categoria de um vício mo­nástico tradicional: curiositas. Curiosidade não se torna moralmente melhor só por estar direcionada ao sublime. O intelecto automaticamente deseja conhecer e, conhecendo, dominar (como “dominar” uma lín­gua). Isto, para Bernardo, tomado isoladamente, não é um exercício de virtude, mas um tipo de libido, um tipo de concupiscência, e pior ainda quando aplicada a Deus, como se Ele fosse um pico a ser escalado. A motivação do amor está faltando e, assim, a busca de Deus torna-se outra forma de auto-afirmação, ao invés de uma expressão de adoração. Isto, penso eu, é o que mais irritava Bernardo em Abelardo: a idéia de fazer de Deus “um objeto de estudo”; poderíamos talvez dizer hoje: fazer seu doutorado sobre Deus.


uma etapa maior a ser vivida, mas externa­mente, ao invés de para cima. É um êxtase horizontal. É como uma pessoa profundamente unida com o Espírito chega a viver e a relacionar-se com os seus irmãos seres humanos. Na última conferência, tenta­remos ver como essa pessoa partilha o dom do Espírito. +

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